Ilustração: Emily Speiss |
Acordo pensando nela. E a primeira coisa que eu faço é pegar o celular e verificar as mensagens. Sorriso bobo. Como de costume, lá está o recado em seu toque romântico: ou diz que está com sono e precisa dormir, e certamente, ao enviar a mensagem, eu já tenha dormido, ou, já consciente de que o sono me pegou, deseja-me uma boa noite e diz que estará comigo o tempo todo, como um anjo cuidando de outro, ou o simplesmente incrível ‘eu te amo’, que a cada dizer me encanta e me paralisa espontaneamente, como se fosse a primeira vez.
E mesmo sem dizer, o amor está inserido, concebido, enrolado em cada palavra, em cada letra, em cada vírgula, em cada espaço. Nosso “bom dia” tem um “eu te amo”, nosso “tudo bem?” também tem. E não apenas palavras. Meus pensamentos incontidos gritam em um diálogo entre si: “eu te amo, te amo, te amo”. Como se fosse a primeira vez...
E a primeira vez, como foi? Foi da forma mais bonita possível. Assim, espontânea. Tão forte e verdadeira que deixou escapar sem nem perceber, como se abrisse a janela sem perceber que, por trás da cortina, uma borboleta ansiava liberdade e ali estava à espera de um pouco de sorte. Assim ela deixou escapar as palavras, que deram asas ao que hoje vem crescendo sem que tenhamos pressa de medir.
Cada passo do meu dia é dado com um único pensamento: ela. Será que já acordou? Está com frio? Já saiu de casa? Está na faculdade? Está se divertindo? Trabalhando? Está feliz? Será que está pensando em mim? Sorrio. Aquele sorriso bobo que ela tanto gosta: sim, está pensando em mim!
Meu sorriso tem gosto de felicidade. Fecho os olhos e a encontro sorrindo para mim. Parece a cena de um filme bonito, daqueles em preto e branco, que arrastavam multidões de moças aos cinemas, e que elas saíam de lá com a esperança e certeza de que algum dia, aquele amor dos mocinhos, puro e verdadeiro, acertariam seus corações. Mas não é um filme bonito, é melhor que isso, é a minha vida, e é real.
Usando as palavras de um livro do qual gosto muito, estou numa montanha russa que só vai para cima. No caminho, pelos trilhos dessa subida infinita, encontro mais amor. E à medida que vou subindo, esse amor aumenta, duplica, triplica, multiplica.
Amor com doses exageradas de paixão, daquela bem fogosa, que mexe com todos os sentidos, que tira os pés do chão, de um jeitinho bem clichê, sem medir caretices ou renovadas estripulias. Paixão com doses exageradas de amor, provando que um completa o outro, que são coexistentes nesse mundo que é só meu e dela. Para sempre.