Nunca me importei com o fato de passar o Dia dos Namorados solteira. Pelo contrário, achava até divertido. Tanto que comecei uma tradição que parece clichê, mas é algo que faço com carinho: Noite dos Solteiros. Meus amigos e eu nos reunimos na Paulista, contando histórias, cantando, conversando, observando os enamorados da noite e analisando os solitários. Nós, ali juntos, estamos longe de sermos solitários na fria noite do Dia dos Namorados.
Corações aquecidos em pura sintonia, temos o prazer em nos encontrarmos para deleitarmos de tal deliciosa amizade. No primeiro ano, o encontro deu-se por mero acaso. Sem ao menos lembrar a importância da data, combinei com mais três amigos uma noite do cinema. Doce e pura ilusão. Casais encheram as salas e as filas das bilheterias. Sem roteiro nem rumo, decidimos tomar milk-shake no Bobs e passear pela Paulista.
A segunda Noite dos Solteiros também foi fruto de um acaso. Meu amigo e eu trabalhamos no domingo dos Namorados até às 17h. Convidamos duas amigas e decidimos jantar em algum lugar da Paulista. Não lembrávamos que estávamos em pleno Dia dos Namorados e os restaurantes encontravam-se lotados. Conseguimos nosso lugar ao sol na praça de alimentação de um shopping da importante avenida.
A terceira edição da Noite dos Solteiros aconteceu numa terça-feira. Encontrei três amigos na Paulista. Após prestigiarmos um velho conhecido no lançamento de seu livro, seguimos para nossa caminhada na avenida. Abraçados, cada um com seu par, comemos no Mc Donalds. Cenas ainda hoje guardadas em minha memória com todos os detalhes.
A quarta e mais recente noite aconteceu sem a tradicional caminhada. Novatos entraram. Velhos companheiros não puderam: já não fazem mais parte do time dos solteiros. Comemos no Mc e, ainda ocupando a mesa da grande rede de fast food, comemos brigadeiro enquanto ouvíamos Adele. Eu sei... a cena pode parecer um pouco deprê, mas vos garanto que estava divertido. Já que estamos inovando, resolvemos ir a um bar da Baixo Augusta e pedimos cerveja.
Um Cupido quase me acertou, mas eu consegui desviar. Duas moças, vestidas adequadamente para entregar os Correios do Amor, cercaram nossa mesa. Entregou-nos corações rosa e instruiu-nos a escrever algo que gostaríamos que realizasse e que ficasse marcado em nossos corações. Ao entregar um dos corações para a amiga ao meu lado, quase levei uma cotovelada da moça. A jovem e simpática Cupida permaneceu conosco por um tempo, conversando. Escrevemos em nossos corações e, durante esse período, confesso ter viajado em pensamentos. Lembrei dos últimos anos, de todas as boas noites que passei com meus amigos, comemorando a solteirice, de todas as cenas engraçadas, os micos, as filas nos caixas, os cinemas lotados de corações apaixonados, os restaurantes cheios de enamorados e o friozinho que pede aquele cobertor de orelha nessa noite tão especial. Essa noite eu senti falta de um alguém ao meu lado. Só essa noite...