Queria poder decifrar meu Coração, mas este parece me odiar.
Agora mesmo, ele bate em meu peito com tal força que chego a ficar ofegante.
Coração ingrato.
Por tantas vezes corri em busca de satisfazê-lo, vivenciando amores impossíveis e recebendo, no final, sofrimento.
Ah, Coração Bandido! Arranca de mim a felicidade, retira-me da paz e insulta-me com total imprudência. Incapaz de me fazer feliz, joga sobre mim a culpa do sofrimento, agride-me com incoerente falta de escrúpulos e me condena à solidão perpétua. Juiz cego. Não percebe que padeço do mal do amor por tê-lo junto à mim?
Ora, mas não se vá... é por tê-lo junto ao meu peito, mesmo sofrendo, que vivo. É por tê-lo capaz de perdoar a si próprio por devastar-me com amores tempestuosos, que posso encontrar novas paixões.
Sente-se aqui, Coração, e me fale desse nosso novo amor!