Outro dia eu estava lendo o texto E a felicidade, vai aonde? do meu amigo Gilmar, no blog da sala, e fiquei pensando sobre o assunto. Ele foi profundo e simples ao dizer que a felicidade está nos pequenos detalhes. Às vezes isso parece piegas, ou exagerado, mas ele está certo. Os pequenos detalhes são o caminho da felicidade, aquela alegria espontânea e vívida, aquele sorriso branco e aquele olhar de cumplicidade. Companheirismo, amor e irmandade: Isso é felicidade.
Ontem, quando eu voltava para casa, cruzei com um senhor que pedia R$0,80 para completar a passagem do metrô e voltar para casa. Ele era vistoso, bem arrumado, perfumado e não parava de repetir que estava envergonhado e que ninguém queria lhe ajudar, chamando-lhe de vagabundo. Não gosto de dar esmolas, mas não vi aquilo como esmola, e sim uma contribuição. Ofertei o único trocado que havia em meu bolso: R$2,00. Ele insistiu para que eu o acompanhasse a uma daquelas barraquinhas de lanche, para trocar o dinheiro e me devolver o troco. Eu neguei e disse que precisava continuar meu caminho. Ele agradeceu. Fui comprar um chocolate e entrei na estação Ana Rosa. Lá embaixo, dou de cara com aquele senhor, já com a passagem em uma das mãos e o troco em outra. Assim que me reconheceu, caminhou até a minha direção, me entregou as moedas e disse: “Que Deus lhe abençoe!”. Sorri e fui embora.
Hoje, logo ao amanhecer, estava eu já próxima à faculdade, caminhando em direção à Avenida Paulista, quando paro na calçada, ante a faixa de pedestre, aguardando o momento certo de ultrapassar. Ao meu lado haviam muitos jovens engomadinhos. Todos apressados e atrasados para mais um dia de aula, ou de trabalho na metrópole paulista. Quando o farol finalmente fechou, todos ultrapassaram rapidamente, mas eu percebi que do outro lado da multidão havia uma moça com deficiência visual. Ela estava parada, esperando que alguém a ajudasse ou ao menos a avisasse que já era hora de atravessar. Ninguém o fez. Caminhei em sua direção e me preparei para ajudá-la. Neste exato momento um rapaz também havia notado o mesmo que eu e estava disposto a ajudar a moça. Fizemo-lo juntos. Atravessamos a faixa e chegamos ao outro lado. Pedras no caminho e calçadas esburacadas, apoiamos a moça até a próxima esquina. Ele, simpático [e lindo], virou à esquerda e eu continuei com a moça. Perguntei-lhe seu destino e ela me respondeu: Paraíso. Ao chegarmos ao Metrô [sim, o que você achou que fosse? Aquele Paraíso imaginário com anjinhos e cavalos brancos? Tsc tsc], disse à ela que a acompanharia até o final, mas uma amável senhora apareceu e a conduziu pelo restante do caminho, já que eu não iria pegar o metrô.
Esses dois detalhes me fizeram muito feliz naquele momento. E sempre que posso ajudar a quem precisa, me sinto feliz. As pessoas continuam egoístas em seu mundo, sem querer saber o porquê de um senhor pedir trocados na rua, ou fingirem não notar a presença da deficiente visual atravessando a faixa, ou negando-se a serem educados. Estes dizem ser felizes. Pois se são, congratulations! Prefiro a minha felicidade com as contas do banco chegando pelo correio, ou com a difícil tarefa de sair de casa às 5h20m para estudar e só voltar às 23h30m, após o trabalho. Prefiro a minha felicidade assim, simples e feliz, alegre e responsável, difícil, mas “recompensante”! Assim eu sou feliz, jogando pro ar as preocupações e mergulhando de cabeça na minha paixão de escrever, voando alto pelos céus, meu verdadeiro Paraíso [não, não é o Metrô].