Agora que partiu, sou capaz de me encontrar. No toca-discos aquela velha canção dos Beatles Na parede aquele quadro encardido A foto, em...

Goodbye

Por | 21:02
Agora que partiu, sou capaz de me encontrar.

No toca-discos aquela velha canção dos Beatles
Na parede aquele quadro encardido
A foto, em preto e branco, me leva aos tempos de Revolução
O relógio marca a hora da partida
Acabou. E esta é a melhor saída para nós.
A guerra interna em meu coração terminou
O céu, antes cinzento, hoje de resplendor azul.

McCartney diz que tudo o que eu preciso é amor.
Amor. Derivado de dor. Sofrimento desnecessário
É inevitável
Imutável? Coração imaturo. Fim da canção
Agora ele diz que vai mandar todo o seu amor!
Pobre Paul. O amor, parece nem conhecer.

O velho toca-discos, fatidicamente, para!
Agulha quebrada.
Bem à tempo! Mais uma canção de amor inadequada.
É hora de partir. Não há mais lugar aqui
O tic-tac apressado me convida a sair
A fotografia do quadro sorri tristemente para mim
Mas antes de fechar a porta...

Só preciso ver aquele quarto, agora inóspito, pela última vez

O perfume que exala me lembra de nossa última noite
Não faz muito tempo, mas já não me recordo dos detalhes
Talvez não fossem tão importantes
Talvez seja o correto, o melhor para nós.

Passou da hora. Lancei os lençóis ao chão
Corri em direção à saída, bati a porta
O quadro caiu, quebrou.
Cacos do vidro rasgaram a fotografia
O relógio, assustado, ouvi dizer que se calou para sempre
O toca-discos, mudo, voltou para tocar Goodbye.
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