Vinte
e duas horas de uma noite vazia. Passei a quinta-feira escrevendo textos. Muitos
textos. Sobre vários assuntos. Do trabalho, da vida, do amor, das lembranças da
minha adolescência... E, ainda assim, uma noite vazia. O telefone toca. Criei o
hábito de ignorar qualquer ligação. Voltei para a tela do computador: outro um
texto com mais de vinte mil caracteres. “Ninguém
vai querer ler tudo isso em um blog, Bruna”, pensei. Guardei o texto. Reabri.
Li. Deletei. O celular continuava tocando. Algumas mensagens carinhosas me
pediam para atender: “Preciso falar com
você, porra!”; “É urgente! Atende essa merda!”. Eu não queria atender
ninguém. Outra mensagem: “Ok, é o
seguinte: vc vai no Lollapalooza comigo! Te pego amanhã às 12h. Bjs”... Certo.
Uma lição: quando alguém disser que é urgente, atenda ao telefone!
Já
faz algum tempo que estive em um show pela última vez. Não me recordo se foi O Teatro Mágico ou Franz Ferdinand. Minto. Assisti aos shows de verão na praia, mas
não é a mesma coisa. Sei que não estou mais acostumada a esse tipo de evento
com muitas pessoas ao redor. Na verdade, inclusive, acho que comecei a
desenvolver outra fobia, a sociofobia.
O meu último ano na faculdade me transformou. Não sei se pela falta de tempo
para acompanhar os shows, ou se foi pelo cansaço ou por outros motivos diversos,
o fato é que não sou mais aquela mesma pessoa de quatro anos atrás. Acho que me
cansei da diversão. Ou ela de mim.
O primeiro dia: a
fila estava enorme, mesmo para quem já estava com os ingressos na mão. 52 mil
pessoas estava lá. Assistimos o final de Of
Monster and Men no palco Butantã. Ah, o folk
e seus derivados: o gênero musical que eu mais amo, sem dúvida! Cheguei bem na hora de Little Talks. Giovanna, Pedro, Ivan e eu
acompanhamos a canção com o hey, hey, hey... “We used to play outside
when we were young, and full of life, and full of love”. De repente, me senti conectada à
canção, ao show, ao ambiente, à diversão. Percebi que sim, talvez seja hora de
voltar a ser jovem cheia de vida e amor. Como eu era... antes de 2012. Ao fim
da apresentação, demos uma volta pelo Jockey Club. Passamos pelo show de Name the Band, mas não chegamos a
assistir. Voltamos para o palco Butantã e esperamos a apresentação de Cake. Como sempre, o show foi muito bom,
animado e agitou a plateia. Tocaram alguns antigos sucessos, mas o melhor
momento, para mim, foi quando a banda fez cover de uma das melhores canções de
Black Sabbath, War Pigs. Oh, Lord! Yeah! Do palco Butantã
ao Cidade Jardim. The Flaming Lips é
uma banda que não entra em minha playlist,
mas gosto da canção Do you realize. Aparentemente,
foi o único momento do show que a plateia curtiu, cheio de defeitos especiais e
problemas técnicos. O público estava desanimado e então Wayne Coyne
grita: “C’mon motherfuckers”. Não
esperamos terminar o show e saímos de lá. No palco Butantã Deadmau5 apresentava seu eletrônico. Eu não o conhecia, até então. O
DJ com máscara do Mickey arrebentou e agitou todo o público ao som de Rage Against The Machine. Difícil
olhar para o lado e encontrar alguém parado. Uma descoberta muito bacana, para
mim. Saímos tarde em direção ao palco Cidade Jardim onde, em poucos minutos, The Killers se apresentaria. Incapazes
de conseguirmos um lugar decente, fomos embora... com muita lama no pé.
O segundo dia: após
um segundo dia de fila sob o sol para entrar, chegamos bem a tempo para o início
do show de Franz Ferdinand. Essa foi
a terceira vez que vi os caras de perto. E cada vez me encanto mais com Alex
Kapranos. O que incomodou na apresentação foi o som baixo. Logo depois, no
palco Cidade Jardim, Queens Of Stone Age
marca o início da noite com alguns hits antigos e novas composições. Sem dúvida,
uma das melhores apresentações do dia. A velha Bruna animada estava
completamente em sintonia. Enquanto A
Perfect Circle se apresentava no palco Butantã, meus amigos e eu decidimos procurar
algo para comer. Filas intermináveis para tudo. Perdemos o show inteirinho,
então decidimos correr para o palco onde teria o headline do segundo dia de Lollapalooza: The Black Keys. Com uma setlist
impecável, a dupla Patrick Carney e Dan Auerbach cantou a minha canção
preferida: Little Black Submarines. A
letra dessa canção parece até ter sido escrita para mim. Onde está o meu
operador? Lonely Boy, a segunda
melhor canção da dupla, também cantada no festival. “I got a love that keeps me waiting. I'm a lonely boy. Your
mama kept you but your daddy left you and I should have done you just the same”...
I’m
a lonely girl… 55 mil pessoas estiveram no segundo dia do festival, no Jockey
Club.
O terceiro dia: chegamos
por volta das 14h. Conseguimos assistir o finalzinho de Vivendo do Ócio, um pedaço da Bahia no universo indie rock. Algumas horas caminhando por
entre os shows, sem nenhum que nos interessasse, de fato. Pouco depois das 16h,
Puscifer invadiu o palco Cidade
Jardim com agitação, energia, som pesado, vinho e até Eddie Vedder, vocalista
de Pearl Jam, subiu ao palco para fumar e beber. Do Cidade Jardim ao palco
alternativo. Acompanhamos Vanguart,
uma de minhas bandas nacionais favoritas. O folk,
como sempre, me atraindo. “Viva a música
brasileira!”, disse Helio Flander. Viva a poesia, viva o folk, viva a música, viva O mar, canção de Caymmi interpretada
pelo grupo. Outros dois importantes momentos do show foi quando eles cantaram Mi vida eres tu e, uma de minhas
preferidas, Semáforo: “Com olhos de anis, com asas de fogo e meus
olhos cheios de mágoa então, hoje é terça-feira”. O que dizer do show de The Hives? Eu não esperava muita coisa. Me
surpreendi com o som punk da banda sueca. Já tinha ouvido as músicas, mas
assistir a apresentação pessoalmente é outra história. Segunda dica desse post:
se tiver a oportunidade e assistir um show de The Hives, não a deixe passar! Perdi The Killers na noite anterior por não conseguir um bom lugar. Decidimos,
então, não cometer o mesmo erro da primeira noite e ficamos no palco Cidade
Jardim à espera do show de Pearl Jam. A noite mais cheia de todo o festival. Os
60 mil ingressos esgotados. Pancadaria na frente. Todos ansiosos para o último show
do Lollapalooza 2013. Giovanna, os meninos e eu ficamos mais ou menos na metade
do público, ao lado esquerdo do palco, em um pedaço relativamente tranquilo. Início
do show. Coração disparado. A
canção de abertura foi Elderly Woman
Behind the Counter in a Small Town. Eddie Vedder diz, em
português: “Oi, São Paulo”. Tocaram Olé, Wishlist, Insignificance e outros
sucessos da banda. Rolou até cover de Ramones,
mas os melhores momentos se resumem com as canções Even Flow, Jeremy, Black e Better
Man. Depois disso, não tenho mais o que falar. As canções falam por si só...
“Even flow, thoughts arrive like butterflies
Oh, he don't know, so he
chases them away
Someday yet, he'll begin his
life again”
“Jeremy spoke in class today (…)
Oh, but we unleashed a lion
Gnashed his teeth”
“All the pictures have all been washed in black, tattooed everything
All the love gone bad turned my world to black
Tattooed all I see, all that I am, all that I'll be,
yeah
I know someday you'll have a beautiful life, I know
you'll be a star
In somebody else's sky, but why can't it be, can't it
be mine
We belong
together! Together!”
“She lies and says she's in
love with him, can't find a better man”