Quem
tem qualquer tipo de fobia vai entender o que tenho a dizer. A minha fobia
parece estranha para quem não a tem, mas qual fobia não é estranha aos olhos de
quem não possui? A coulrofobia, para
mim, por exemplo, é bem estranha. E muitos dos meus amigos sofrem por ela. É o medo
de palhaços. E há quem tenha ablutofobia,
um verdadeiro Cascão: aquele que tem medo de tomar banho. Acrofobia é o popular medo de altura, do qual também sofro em um
grau menor. Aquele que tem medo de espaços pequenos e lugares fechados é o claustrofóbico. Tem gente que tem medo
de amar: agapefobia. E ultimamente
tenho compreendido bastante sobre esse medo, de forma bem pessoal. Algumas pessoas possuem medo de
atravessar a rua. Elas possuem dromofobia.
Até quem tem medo de beber está na lista: dipsofobia.
Existe até algo denominado como estupofobia.
Acredite ou não, este é o medo de pessoas estúpidas.
Desde
criança eu tenho uma filosofia de vida: enfrentar meus medos. Sempre tive acrofobia, o medo de altura, então eu
subia em árvores, escalava muros e andava sobre o telhado. Nunca havia visto
uma cobra de perto, não sabia se eu tinha medo ou não, mas imaginava como seria
quando eu encontrasse pela primeira vez. Era apenas uma cobra pequena, mas não
tive dó de pisotear o animal. Esmaguei-lhe a cabeça com total indiferença. Trinta
segundos depois estava tremendo só pelo fato de tê-lo feito sem pensar nas consequências.
Então eu tive certeza sobre meu medo de cobras, a ofidiofobia. Tenho também monofobia, o medo de ficar só. Vez ou
outra afasto propositalmente as pessoas para um momento só meu. Vivo
constantemente em um tratamento de choque.
O
meu maior medo é pouco conhecido e geralmente ignorado até mesmo por quem o
possui. Eu tenho latrofobia: o medo
de ir ao médico. E este é o medo no qual me recuso a enfrentar. Prefiro ficar
doente. Junto a esse medo, alia-se meu medo de tomar medicamentos e realizar
exames. Junto a esse medo, alia-se, também, a aicmofobia: medo de agulhas. Sou capaz de desmaiar só em ver uma
agulha vindo em minha direção. Espera, acho que foi justamente isso que me
ocorreu na última consulta. E podem rir, mas desmaiei também quando a
cardiologista me apareceu com o aparelho medidor de pressão. Era apenas um
medidor de pressão, mas foi justamente aquele aparelho que fez acelerar os
batimentos do meu coração. Empalideci, tremi, suei frio e desmaiei. Sim, meus
caros, caí na mesa do consultório com receio de um simples aparelho medidor de
pressão.
Eu
não planejei jamais entrar em tratamento de choque para tentar curar esse meu
pior medo. Eu entrei em tratamento de choque por livre e espontânea pressão.
Passei dois dias sob ‘observações médicas’, respirando com ajuda de aparelhos.
As pessoas vestidas de branco eram, para mim, assombrações, fantasmas. Hoje
tenho certeza que meu pânico seria menor se fossem realmente fantasmas. Quer
dizer... fantasmas não existem. São ilusões que criamos. E mesmo que eles
existissem, nada de mal poderiam fazer além de assustar, certo? Já os médicos e
enfermeiros... bem... tive a sorte de topar com bons profissionais, mas aquelas
agulhas em suas mãos, os remédios com nomes impronunciáveis e a terrível frase “os exames foram inconclusivos”. Será que
essa frase cai na prova final, na faculdade de medicina? Incrível como elas são
tão bem pronunciadas pelos meus fantasmas de estetoscópio!
Nem
todos os tratamentos de choque são eficientes. Se deixarmos um claustrofóbico preso no elevador, ele
não se curará do medo. Pelo contrário. Entrará em pânico e dificilmente
desejará estar novamente em um elevador. Vai preferir subir os 15 andares de
escada. Se um coulrofóbico for trancado
sozinho com um cara vestido de palhaço, você não o encontrará jogando cartas
com o sujeito, ao voltar. Ele estará chorando, em pânico, encolhido no canto da
sala, de olhos fechados, desejando abri-los e não mais o encontrar lá. Imagine
se um acrofóbico pega um avião e,
durante a viagem, surgem alguns problemas nos motores e ele tenha que colocar o
paraquedas e pular? Isso não aconteceria tão fácil. Ele poderia até pular, mas
jamais voltaria a subir em um avião. O meu tratamento de choque também não deu certo.
Apenas aumentou meu medo. Deixou-o mais agudo, mais forte.
Em
relação aos meus outros medos, quanto mais eu os enfrento, mais eu tenho
vontade de encará-los. Esse não. O máximo que eu faço é assistir aos filmes e
seriados sobre o assunto (House é um de meus seriados preferidos). Esse é o
tipo de medo de me açoita, me deixa com a sensação de falta de ar
(literalmente), acelera os batimentos do meu coração (literalmente), me faz
suar frio (literalmente), me faz tremer dos pés à cabeça (literalmente)...
vocês já entenderam! Esse é o medo que me deixa em pânico.