Imagem: Andrade Jorge |
O obstáculo era maior que o salto que poderia dar. Teimou. Tentou. Caiu. Quebrou. E nunca mais foi o mesmo. Seu coração era cristal. E, por tamanha fragilidade, decidiu não mais pular, não mais sofrer, não mais amar.
Os sonhos são bons por serem sonhos. Sabemos que, a qualquer momento, iremos acordar. Mesmo que seja durante uma queda após dar aquele pequeno salto menor que o obstáculo. A realidade às vezes machuca. E permanece. E repete. E entristece a alma. Foi uma alma assim que amei. Entristecida por uma realidade cruel. Uma alma que sonha e chora com seus próprios sonhos. Sofre com a exatidão do descaso, com ingratidão do sorriso.
A realidade a maltratou com incultas produções de grandes obstáculos. Ela, um frágil cristal, já quebrado e ‘inconcertável’, usou as próprias ataduras para esconder-se do mundo, fingir-se forte perante a maldade incontrolável da vida. Por fora, pontas afiadas do cristal. Por dentro, a imagem simplória e real da mais bela pétala de rosa cultivada no jardim mais bonito, pelas preciosas mãos apaixonadas. Ela, meu frágil cristal, minha rosa e meu amor... ela, que não sei onde está.