Chegamos ao fim sem lembrar de como o amor começou.
Foram tantas alegrias, tantas provas de amor e declarações,
E permanecemos juntos, sempre fortalecendo o que sentimos.
Se eu esquecia um detalhe, você estava lá para me lembrar,
Me fazer sorrir e ter a certeza de que tudo apenas havia começado.
E aonde termina? Aqui, bem aqui nesta sala, onde as paredes
Nos olham aflitas, os móveis nos ouvem ansiosos,
As janelas torcendo pelo fim da discussão
E as portas se fechando para que ninguém saia sem perdão.
Mas você está prestes a sair, se esquecendo que um dia
Você prometeu para sempre ficar.
Chegamos ao fim sem lembrar de como a discussão começou.
Foram tantos desentendimentos, tantos tropeços e derrotas,
E os ciúmes nos levaram a ignorar o que realmente sentimos,
Afetando tantos momentos e memórias dos carinhos trocados,
Como se tantas juras e palavras não fossem suficientes.
E o sorriso, tão belo, parece inferior a tantas decepções,
Mas o olhar, perfeito e sincero, me fez perceber que errei,
Que o ciúme é um mal que desejo combater a todo custo,
Mas você parece fechar os olhos, ignorando o que sentia.
Chegamos ao fim sem lembrar de como tudo aconteceu.
As portas se fecharam, desta vez para mim.
Você saiu, deixando as paredes olharem nossa foto no porta-retrato,
Os móveis sem nada entenderem, as janelas desanimadas,
E eu, chorando sozinha ajoelhada ao chão,
Procurando consolo nos inanimados objetos, sentindo um
Estranho calafrio que percorreu todo o meu corpo e
Por fim saiu pela janela, como que avisando voltar em breve.
Se ao menos voltasse com você, não me importaria de senti-lo novamente.
Chegamos ao fim do amor como se fosse inevitável sofrer.
Oito dias e sete noites esperando você voltar, e nada.
Lembrei de tentar te esquecer, te apagar da minha memória para sempre.
Mas as paredes, os móveis, as janelas e as portas não queriam.
Mas eu não preciso viver num cenário carregado de você,
O mundo é grande e há espaço para mim.
Vendi a velha casa com o mesmo aspecto e todos os móveis dentro,
E antes de entregá-la aos novos donos, resolvi me despedir do passado.
E lá estavam eles, fixos, imóveis, parados, me observando:
As paredes, os móveis, as janelas, e as portas, com o mesmo aspecto.
A cena era a mesma, com exceção do porta-retrato, do calafrio e do meu pranto.
Bruna
Postagens populares
-
Capa do livro - Divulgação A cultura do Oriente médio chega a chocar os povos ocidentais. Num exemplo extremo, fere os princípios do fe...
-
Psiu! Senta aqui do meu lado! Deixa eu te contar uma história: eu conheci uma garota! Não me pergunte sobre seu perfume, nunca pude...
-
Olha... veja só! Nossa primeira foto juntos. Já faz tanto tempo, não é mesmo? Quase me esqueci desse seu sorriso encabulado, ainda na dúvid...
-
Eu só queria poder te olhar nos olhos mais uma vez E ter a chance de lhe dizer que desde a primeira vez que te vi Uma sensação diferente e...
-
Quantos problemas, nós brasileiros carregamos em nossas mentes que estão sempre cheias de preocupações e estamos sempre à procura de soluçõe...
-
Imagem: Andrade Jorge O obstáculo era maior que o salto que poderia dar. Teimou. Tentou. Caiu. Quebrou. E nunca mais foi o mesmo. Seu ...
-
Se perco o chão, adormeço desigual O frio que toca meu corpo Traz o vento que sopra em meu ouvido A tristeza e a dor da solidão. ... Se...
-
Lembro-me dos bons tempos de infância quando, em época de Copa do Mundo, eu percorria as ruas da Móoca pintadas de verde e amarelo, com as b...
-
Eu tenho medo do escuro, do ar, do absurdo. Eu tenho medo do vento, do tempo, um tormento. Eu tenho medo do insano, do canto, do des...
-
Coisas estranhas acontecem sem que percebemos sua gravidade E acordamos no dia seguinte carregando uma grande dor de cabeça E uma enor...