Quantas vezes na vida temos que dizer adeus? Quantas lágrimas cairão de nossos olhos com as dores de um adeus? Não há remédio, não há cura, apenas o buraco deixado e causado, feito cicatriz que nunca se fecha, feito a mancha de uma lágrima caída na página do livro mais romântico da prateleira, feito o desejo de rever, abraçar e beijar aqueles que se foram para nunca mais voltar. Quantos sonhos são destruídos com a falta de um adeus?
- Oi, por favor, pode me ajudar? Sabe como faço para chegar no Museu do Ipiranga?
- Claro, sei sim. Tem que pegar aquele ônibus ali. Também estou indo para lá.
Foi assim que a conheci, naquele gelado, porém ensolarado domingo de agosto. A professora de informática, ruiva, olhos claros, jeitinho de menina do interior, sotaque mineiro e exalando carisma, estava animada para a tarde de shows com Maria Rita, Lenine e outros artistas.
Naquela tarde, em meio à multidão, nos perdemos. Encontreis os meus amigos e ela, os dela, e, durante o show, e também por semanas, não me lembrava mais da moça.
Outro dia, estava eu procurando livros de Comunicação para os trabalhos da faculdade em um sebo no centro de São Paulo e, como de costume, me perdi por entre as páginas da história da literatura brasileira com os livros do Mestre Machado de Assis nas mãos, quando ouço, bem ao meu lado, uma não tão estranha voz:
- Gosta de MPB e frequenta sebos atrás de Machado de Assis. Já sei que você é uma boa pessoa!
E assim nos reencontramos, e assim nos encantamos... pela grande amizade que nasceu...
Hoje, lembrando de tudo o que aconteceu, vejo o quanto pouco aproveitei os momentos ao lado dela. Fui ausente, fui evasiva em muitas coisas, fui distante. Me lembro de uma vez, durante uma longa conversa que tivemos, em que ela me disse eu deveria aproveitar cada segundo ao lado das pessoas que amo, mesmo durante as brigas, pois um dia elas não estarão mais lá para rir ou brigar comigo e até disso eu irei sentir falta.