Um caso de amor jamais solucionado. Acho que isso resume o que sinto por ele. Tínhamos algo para nos odiar, mas, por alguma estranha razão incapaz da própria razão responder, nos tornamos grandes amigos, mas não sem antes experimentar o sabor de uma ligeira paixão. Nos beijamos por algumas vezes. E é estranho lembrar disso, nesse momento. Hoje em dia é tão fácil, para nós, dividirmos a mesma cama e o mesmo edredom sem que pensamentos ou vontade de ‘algo mais’ aconteça. É tão fácil olhar em seus lindos olhos azuis e dizer: eu amo você, de forma pura e simples, bela e completa, linda e encantadora.
Ele é meu anjo, o melhor amigo que meu coração escolheu, meu irmão, meu companheiro, meu cúmplice, meu grande amor. Confesso que se não fosse um pequeno grande obstáculo em nossas vidas, talvez eu realmente seria apaixonada por ele, pela pessoa que ele se deixa mostrar a mim, pelo coração límpido que ele oculta de todos, pela sua frágil e bondosa alma, pelo grande homem, herói e mocinho que ele é.
Já tive muitas provas da importância dele em minha vida e do quanto eu o amo, e o quanto ele me ama, também. Um último episódio, difícil de explicar, aconteceu em uma festa. Outra confissão, antes de continuar: sempre tive ciúmes da amizade dele com minha Lady. Ele a beijou. Assim como nos beijamos no começo de nossa amizade. Ele a beijou e eu senti um incontrolável ciúme. Não por ser ele meu ‘marido’, não por eu ter essa ‘paixão reprimida’, como disseram alguns, mas porque esse beijo que demos no início de tudo parece ter sido o ponto inicial da linda relação que temos.
Acho que o que de fato aconteceu, é que tive medo (e ainda tenho) de que o que ele sente por mim desapareça, evapore, acabe. Tenho medo de um dia perde-lo, de tudo o que há de belo entre nós deixe de existir.
Sei que ele, ao ler esse texto, vai rir e depois me dar uma leve bronca, mas depois ele vai me chamar para tomar Sinuelo em seu quarto, ou na sofisticada sala de estar. E ainda vai colocar How I meet Your Mother para assistirmos. E quando já estivermos cansados de beber e assistir, ele vai sugerir para andarmos na areia, molhando os pés na água do mar, em pleno inverno, sentindo o vento gelado e absorvendo a brisa praiana. E depois, quando voltarmos para casa e já estivermos de banho tomado, compraremos uma coca de três litros e beberemos toda enquanto entupimos a pipoca de sazón e rimos da expressão da atriz que acha o pardalzinho lindo.
Esse é meu marido, o homem da minha vida. Esse é meu melhor amigo, meu anjo e meu amor.