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Você perguntou como anda a minha vida e eu, tentando demonstrar frieza, respondi com pouco caso: caminhando. Eu esperava que você pudesse perguntar se bem ou mal, se para frente ou para trás, se feliz ou triste, mas ouvi apenas um ‘que bom’.
Eu quero que você saiba como caminha a minha vida, de forma clara: ando me reinventando, me revestindo em novos planos. E não é porque temos um novo ano e todas aquelas bobagens de esperanças renovadas que as pessoas sempre insistem ano após ano... é porque agora eu compreendo melhor as coisas.
Tudo deu errado nos últimos anos: perdi meu emprego, minha casa, meus amigos, minha vida social, minha vontade de viver e, principalmente... enfim. E eu achei que havia uma certa conspiração mundana contra mim. Não há. Há, na verdade, um caminho torto que resolvi seguir. Há um obstáculo que preferi ignorar ao invés de saltar. Há uma erva daninha que apenas podei ao invés de arrancar pela raiz... há apenas um inimigo pessoal contra mim: eu mesma.
Por isso decidi: ando me reinventando, me revestindo em novos planos, me despindo de pudores, me adequando ao círculo que eu mesma criei, me recitando em versos poéticos e escassos, me transportando à altura máxima da alma, me aliviando de culpas e acertando os erros, me restabelecendo ao planeta que me concebeu e até mentindo, às vezes. Hoje eu descobri que apenas eu mesma posso me salvar desse abismo sem fim. Obrigada por me perguntar como anda a minha vida. E a sua?