Quatro e quarenta e cinco de uma tarde de verão. O Astro Sol ainda quente, queimando, borbulhando os ossos com o mais alto grau de temperatura que a cidade já vivera naquele horário. Ela saia da empresa e guardava o crachá na bolsa, quando, ao longe, o avistou... no mesmo lugar em que o vira pela última vez, três dias antes.
Ele a encara com a mesma intensidade. Como se a qualquer momento fosse ataca-la, novamente. Ela, de forma inconsciente, procurava nos céus quaisquer resquícios da sexta-feira: a tempestade inquietante, a chuva forte, o vento arrebatador, o som das árvores chacoalhando para um lado e para o outro, tentando manter-se firmes presas ao solo concretado da metrópole paulista.
Não há sinal do vento, ou da tempestuosa ventania que a pegou desprevenida em outro momento, deixando-a em meio ao nada, correndo risco de tornar-se mais uma vítima de tragédia natural, mas o receio de reviver aquelas cenas a acompanhava.
E ele estava lá. Parado no mesmo lugar. Olhando para ela: ele, o galho da árvore, que a atingira na última semana, durante a tempestade, estava no ponto de ônibus, onde ela deveria estar. Ela caminhou até o próximo ponto.